18 de fev. de 2015

Começar de novo

Leiden, nosso primeiro pouso na Holanda.

Mais um país, mais um idioma, mais um sistema de hábitos e costumes para aprender.
Apesar do entusiasmo que me move e da plena consciência de que estou onde estou por fruto das minhas escolhas, confesso que ando com uma certa preguiça para recomeçar. Deixem-me explicar um pouco o meu percurso até aqui para vocês entenderem o porquê.

No Brasil, eu morei em Belém do Pará (onde nasci), em Manaus, Fortaleza e Rio de Janeiro. Em 2007, cruzei o Oceano Atlântico e mudei por amor para o Porto, Portugal. Já estava plenamente adaptada lá quando meu marido foi contratado por uma empresa Holandesa e, aos 38 anos, mais uma vez, eu encaixotei a vida e nos mudamos para o país das tulipas e dos moinhos.

A mudança de hábitos e de estilo de vida entre as cidades do Brasil foi sutil, mas não deixou de ser um recomeço em cada lugar: novas amizades, empregos, sotaques, culinária, clima, novas ruas e novos caminhos para aprender. Eu costumava dizer para mim mesma sempre que me perdia em algum lugar "calma, daqui a um tempo tu já vais estar pegando atalhos por essas mesmas ruas..." (O Tempo, sempre o bom e velho Tempo para nos remediar.)

Em 2007, quando cheguei ao Porto.
Em 2007, quando cheguei no Porto.
Como se pode imaginar, a mudança para Portugal exigiu muito mais de mim, mas mesmo assim, não se compara com os obstáculos que enfrento para me adaptar à vida na Holanda. Em Portugal, eu falava o meu idioma, bastou fazer uns ajustes no vocabulário e pronto. A arquitetura, a culinária, os hábitos e as relações sociais eram-me bastante familiares. Aqui na Holanda, basicamente só "o branco do olho" é igual. Estamos aqui há um pouco mais 2 anos e, apesar de todos os encantos e da qualidade de vida desse país, eu ainda não consigo senti-lo como "meu".

Há vários blogues inspiradores que dão dicas de turismo ou de como viver na Holanda (os que eu sigo estão no meu perfil aqui do blogue), todos eles partem da experiência pessoal de seus autores. Cada um sabe a dor e a delícia da sua vida de imigrante e no Por falar em saudade eu vou compartilhar as minhas histórias, descobertas, venturas e desventuras.

Para os amigos que possam estar se perguntando "mas o nome do blogue não era Van Blog?": era, mas eu não estava me identificando com aquele nome e andei meio sem motivação para escrever. 2015 me trouxe uma nova energia e está sendo um ano de recomeços. "Por falar em saudade" tem muito mais a ver comigo.

E você? Está recomeçando a vida em um novo lugar ou mesmo sem sair do lugar? Vamos trocando figurinhas nos comentários. ;-)

7 comentários:

  1. Preciso de sua opinião de psicóloga:
    é normal já estar ansiosa pelo próximo post? :)
    Beijos, querida! (mana ;) )

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É tão normal quanto eu estar super feliz que o 1º comentário do 1º post tenha sido teu. ;-) Obrigada, querida!

      Excluir
  2. Gostei mt de ler, Larissa. Sei exactamente como te sentes. Estou há quase 2 anos numa zona de Inglaterra em que quase não há Ingleses, mas uma mistura incrível de culturas europeias, asiáticas e africanas e sinto-me bastante perdida porque nada aqui me faz lembrar de Portugal. Para ser sincera, todos os dias acordo com vontade de voltar para casa. Acho que me vai fazer bem ler este "diário" de alguém que está numa situação muito parecida com a minha :)
    Gostei bastante do teu estilo de escrita e acho que o teu blog me vai inspirar a finalmente criar o meu :)
    Beijinhos!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que maravilha saber disso, Maria João! Espero poder em breve acompanhar o teu blog e saber como é a vida aí em Slough. Beijinhos e muito obrigada!

      Excluir
  3. Vou usar este espaço para me manter mais perto de você. Mas antes de falar de recomeços, você esqueceu de contar aos seus fãs que a vida fora do Brasil já havia sido programada para você na palma da sua mão. Eu estava ao seu lado quando lhe foi revelado que seu grande amor seria do estrangeiro. Outra coisa, adicione que você morou 1 dia em São Paulo. Foram 24 horas muito intensas para serem esquecidas.
    Bem, meus recomeços foram, em sua maioria, profissionais. Recomeços cansam mesmo. A cada ano que passa, cansam mais. Nova cultura organizacional, nova equipe, novo e-mail, novo trajeto casa x trabalho, novo trânsito, novo espaço ao sol para conquistar. Dizem que, aos 30, você já deveria ser gerente. Dizem que aos 35, você blá blá blá carro do ano e PLR de 3 dígitos. Eu prefiro acreditar que o verbo "ser" jamais existiu. Dado que a vida é passageira, dou um Ctrl U (localizar e substituir) e uso o verbo "estar". Se estou vivo, estou tudo. Toda a experiência é incrível, desde que você tenha os olhos atentos de expectador e um bom diário de bordo para lembrar dos grandes momentos quando a memória cansar.
    Perguntei ao meu pai outro dia o que ele sentiu ao se reunir com velhos amigos (já aposentados) para um jogo de cartas. Alguns na mesa tiveram sucesso profissional, outros foram concursados levados pela correnteza dos anos, outros falidos, outros na mesma. A resposta foi simples: "tudo volta ao equilíbrio. Não tem diferença. Estamos todos velhos. Não tem essa de vencedor e perdedor." Eu me confortei. E assim eu acordo e durmo todos os dias. Pensando bem, graças a Deus que a gente recomeça. Nos apegamos menos às coisas, olhamos mais pra frente, para o que vem depois da curva.
    Seu próximo post deverá ser em holandês, ok?

    ResponderExcluir
  4. Xande, é por isso que EU TE AMO! E a tua linha de raciocínio vai aparecer num dos meus próximos posts porque é como tenho "estado" no mundo ultimamente. Mil beijos, meu querido amigo.

    ResponderExcluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir