3 de nov. de 2015

Cenas dos próximos capítulos

Foto do parque com a torre Euromast ao fundo, um dos símbolos de Roterdã.

Senti a necessidade de escrever a postagem "A Holanda é linda, mas infelizmente não é o meu número" quando comecei a pesquisar sobre a cidade que será o nosso próximo destino. Durante a pesquisa, observei que a grande maioria dos depoimentos publicados são de pessoas que estão felizes da vida com o local onde vivem, quase todos os blogues têm aquela mensagem subliminar "eu moro onde você passa férias e essas são as minhas dicas de ouro".

Pensei cá com os meus botões: E por que não escrever um texto sobre a nossa difícil e frustrante tentativa de se enquadrar na Holanda? Pelas conversas que temos com os nossos amigos também imigrantes por aqui, todos se sentem mais ou menos como nós e quase todos os que não têm vínculo conjugal com alguém de nacionalidade holandesa têm planos de partir em breve ou assim que possível. E foi assim que resolvi escrever aquele texto, pois acredito que o outro lado da moeda migratória precisa sair das rodinhas de bate-papo entre imigrantes e ser visto por quem está considerando imigrar.


Enquanto escrevia, eu sentia o meu coração acelerado. Estava triste e ansiosa ao mesmo tempo. Triste pelo contexto da situação e ansiosa para ver a reação dos leitores. Quando cliquei em "Publicar" e compartilhei o texto no Facebook, comecei a me preparar para receber críticas e opiniões que discordariam da minha, e pode ser que ainda venha a recebê-las, mas o fato é que até agora, todas as pessoas que se manifestaram, de alguma forma se identificaram com o texto ou apreciaram-no. Se você ainda não leu a postagem da qual estou falando, clique aqui

Eu não esperava que tantas pessoas imigradas em países tão diferentes se revissem na nossa história, mas pensando bem, isso comprova que o problema não está na Holanda, muito menos no povo holandês, mas sim nas dificuldades implícitas à imigração em países com cultura e funcionamento tão diferentes dos nossos. Recebemos mensagens de amigos que vêm pensando em imigrar e que se sentiram divididos após ler aquela postagem. Apesar de o meu objetivo ser alertar as pessoas para esse outro lado da moeda, como eu disse acima, não quero que concluam que imigrar não vale a pena, vale e muito! Mas tudo depende dos seus objetivos na imigração e das suas prioridades na vida. 


Quando nós constatamos que não estávamos felizes aqui na Holanda, imediatamente o Filipe começou a procurar emprego em Portugal e no Brasil porque tudo o que queríamos era voltar para casa (eu sou tradutora freelancer, posso trabalhar em qualquer lugar), mas como atualmente está quase impossível conseguir emprego na área dele nesses países, resolvemos incluir a França nessa busca também, já que ele fala francês. Resumo da ópera: vamos mudar para Montpellier, no Sul da França!

Mais uma vez, vamos nos lançar numa cidade onde nunca estivemos, onde não conhecemos uma alma viva e euzinha aqui vou ter que aprender mais um idioma. Confesso que me dá uma certa preguiça começar tudo de novo, mas por outro lado, estamos muito empolgados com a mudança e estamos apostando todas as nossas cartas para vivermos lá mais felizes e integrados do que estamos vivendo aqui. Fatores favoráveis não faltam: eu sempre quis aprender francês (acho chiquérrimo), a região é super ensolarada, tem praia a poucos minutos da cidade, estação de esqui nos Pirineus a 1h30min de carro, produz vinhos maravilhosos e (eu já disse praia?), estaremos no país onde gastronomia é assunto seríssimo e tenho certeza que vamos tirar bastante proveito disso.

Vou sentir muita falta da minha grande companheira e de ir com ela para todo lado.

Como veem, ainda tem muita água pra passar debaixo dessa ponte até a gente conseguir voltar pra casa, e eu vou continuar relatando nossas experiências aqui no blogue. Neste momento, estamos em fase de despedida da Holanda e dos amigos queridos que fizemos aqui. Faltam poucas semanas para partirmos e estes dias têm sido agridoces. Não é fácil nos desfazermos das nossas pequenas conquistas, dizer adeus a pessoas incríveis que fizeram parte da nossa vida nos três últimos anos e, ao mesmo tempo, lidar com o frio na barriga de quem vai mergulhar num mar desconhecido mais uma vez. O jeito é tampar o nariz e se atirar!

Aguardem as cenas dos próximos capítulos... ;-)

PS: Ilustrei essa postagem com fotos do outono holandês porque acho o Outono super nostálgico, e nostalgia é o que não falta por aqui ultimamente. 




4 comentários:

  1. Oi, Larissa!

    Estava aqui lendo seus post e creio que sou mais uma que quis usar esse sspato...
    Meu ex mors em Katwijk ou "cidade fantasma", como eu costumava chamar...

    Mesmo assim, eu tentaria, se não tivesse sido mais uma nas estatísticas daqueles relacionamentos entre brasileiras e holandeses onde o cara, que era um príncipe, virou o cara que um dia diz que me ama e no outro me deu o pé na bunda...

    Anyway...fiquei me perguntando se algum de vcs teria nacionalidade européia...Parece que vcs se movimentam pela Europa com alguma facilidade...

    Beijinhos e adorei os posts!

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    1. Oi Kinha,

      Obrigada pelo seu comentário e por ter compartilhado um pouco da sua história. Sinto muito que não tenha dado certo, mas o importante é tentar, não é? A gente sempre aprende alguma coisa.
      Meu marido é Português, por isso temos mobilidade aqui pela UE.

      Beijos e volte sempre. ;-)

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  2. Definitivamente migrar não é para todos, mas muitas vezes só descobrimos despois que já o fizemos... eu apesar de estar em Portugal ao lado a minha irmã que amo de paixão, ñ consigo deixar minha vida no Brasil de lado e na vontade de voltar para ela... estendo e compreendo cada palavra sua e sinto o mesmo nesse momento.
    Por isso admiro quem migra e se realiza... mas ñ é para mim...
    Desejo muita sorte e realização no novo destino de vcs.
    Bjos

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    1. O início é mesmo o mais difícil Kelly.
      Dá tempo ao tempo, deixa a "crise de abstinência" da vida no Brasil passar e avalia a situação com mais frieza para tomar a difícil decisão de voltar ou ficar.

      Beijinhos e obrigada pelo comentário. ;-)

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